segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Quando os animais nos questionam


Nas tardes de segundas feiras eu trabalho na biblioteca do Colégio Expressão, em São Francisco de Paula/RS, sugerindo leituras para os alunos do Ensino Fundamental, lendo e relendo títulos. Melhor trabalho do mundo para que gosta de palavras.

 Hoje me deparei com este livro do escritor Vilmar Berna "Tribunal dos Bichos". Um livro de fácil leitura e de puxada de orelha. Tive o prazer de ler este título no início dos anos 2.000, depois de um curso de extensão em jornalismo ambiental na UFRGS.  O que poderia ser melhor? Literatura e defesa dos animais e do meio ambiente juntos.




Não sou radical, mas penso que chegamos no ápice da ferida inflamada. Nossa sociedade não vai resistir viver neste ritmo de irresponsabilidade e "tanto faz". Estamos chegando no ponto em que o barco não vai dar a volta. Por que? Porque toda nossa ação tem uma reação. Se somente nos preocuparmos em atender nossas próprias necessidades, nossos chamados do ego, ações exclusivas do individual, o que ficará para o coletivo?

Se toda área de terra for pensada para plantar grãos, o que sobrará para as florestas, para a fauna e flora silvestre? Alguns pensarão que o mais importante é plantar para "dar de comer ao mundo todo". E a comida plantada será dividida para todos? Ou para alguns, que pensam que acumular riqueza material é o grande objetivo entre a vida e a morte?

Vilmar Berna nos faz pensar sobre o que estamos fazendo. Cada um de nós. A história de 31 páginas e final aberto trata de um tribunal convocado pela Coruja, onde os animais podem defender ou acusar o ser humano. Quais argumentos foram levantados? Existe defesa para o ser humano? Quais crimes foram cometidos pela raça humana?

Tráfico de fauna silvestre é crime? Testar medicamentos em animais nos laboratórios é crime? Leis ambientais, que determinem áreas de preservação, para que a fauna e a flora possam se desenvolver é válido? Cavalos puxando carroças pesadas são legais? Animais abandonados, por pessoas que não querem trocar a água toda dia, dar comida adequada, é normal? Tantas outras questões, tão cotidianas e doloridas, são levantadas, sem sensacionalismo, neste livro simples e de urgente leitura.

Anota aí o que se pode desenvolver nas escolas com este livro: o senso crítico, a capacidade de reflexão e percepção da importância de todos os seres vivos para a sociedade. O livro trabalha com temas transversais, entre eles a ética, o meio ambiente e a pluralidade cultural. A obra também permite trabalhar a interdisciplinaridade com as matérias de ciências naturais, sociologia, geografia e língua portuguesa.

Alguns termos são desconhecidos e até nisto o autor pensou. Um Vocabulário no final do livro explica cada uma das palavras e expressões pouco conhecidas. Vale a leitura. Vale a reflexão. Para ler ONTEM!!!



Vilmar Berna é jornalista, ambientalista e foi reconhecido pela luta em prol da formação da cidadania ambiental planetária. Pelas Organizações das Nações Unidas – ONU, em 1999, ganhou o Prêmio Global 500 para o Meio Ambiente. Entre os livros que publicou pela PAULUS está Como fazer educação ambiental, que se transformou em um curso a distância pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

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