domingo, 13 de março de 2022

Sobre contos que contam plurais

Conheci Sinara Foss em uma oficina de narrativas de terror, em 2020. Conforme ela lia suas produções, eu me impressionava com o requinte de crueldade e a fluidez de sua escrita.
Em 2021, Sinara lança "Plural de Fêmeas", pela Class, um livro de contos. Os textos são aterrorizantes, nos causam temor, pavor, horror. Nos causam uma vontade irresístivel de continuar lendo, para ver até onde a autora pode chegar. Ao ler "Vida no Sotão" pensei ser o clímax. Um sotão, com seus fantasmas, que se misturavam com vidas reais. A pergunta que fazemos é até onde vai o mundo "de lá" e o mundo de cá. Sinara transita bem entre o mundo dos vivos e dos mortos.
E até que vem "Pinceladas do Destino", narrativa sobre escolhas tomadas e outras esquecidas. Como não pensar no que estamos a fazer conosco, nossas opções de vida que foram corajosamente assumidas ou covardemente abandonadas. É Claudia que nos faz refletir. É Claudia que nos mostra que a vida é feita de ação e consequências. E que toda a história de terror pode ser, na verdade, uma história de vida no seu limite, repleta de mágoas e dores.
Sinara sabe porque escreve. Sinara sabe onde quer chegar. E boas histórias não faltam para ela. É livro para degustar arrancando pedaços.

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