terça-feira, 14 de abril de 2020

Pano de prato


#jornalistanaquarentena

O feriado de Páscoa foi atípico. Além do isolamento social, que estamos respeitando aqui em casa, por causa da disseminação do Covid 19, um pedido de ajuda chegou pelo face. Oumar Sagna, senegalês, que mora aqui, em São Francisco de Paula, e vende panos de prato, na frente do supermercado Rissul, me pediu ajuda pelo facebook. Me sensibilizei e fui procura-lo. Levei comida. Uma amiga levou dinheiro para ajudar nas despesas, como aluguel, água, luz. Num insight intuitivo perguntei pelos panos de prato e trouxe 64 kits para tentar vender na Boutique Viale. Cada kit tem 5 panos de prato e é vendido por 10 reais. Com este dinheiro, o Oumar se sustenta e manda dinheiro para a família no Senegal.

Fotografei os panos e escrevi um pequeno texto pedindo um presente de aniversário (sim! 47 anos completados no dia 11 de abril). Postei nas minhas redes sociais. Em questão de três horas vendi os 64 kits, recebi mensagens de pessoas da Região das Hortênsias e Porto Alegre querendo ajudar o Oumar. Várias pessoas contribuíram com doação de dinheiro, cestas básicas, ovo de chocolate. E assim nosso amigo senegalês pode se tranquilizar um pouco. Presentão de aniversário que eu ganhei né?



Gente, meu aniversário é amanhã e eu quero pedir um presente: ajudar nosso amigo senegalês Oumar Sagna. O moço simpático, que vende seus panos de prato, na frente do Rissul, em São Chico, vive destas vendas na rua. Para ajudar ele trouxe os panos de prato para vender na Boutique (que está realizando suas vendas via redes sociais). São kits com cinco panos (10 reais o kit), brancos ou coloridos. Vamos ajudar?? 


Muita gente ajudou e continua ajudando. Na prática vejo que existem mais pessoas solidárias, do que pessoas indiferentes. Porém um comentário chegou aos meus ouvidos: de que eu me promovia com esta ajuda para me sobressair. Falaram até numa provável candidatura à vereadora. Oiiiiiiiiiii???????

Quem me conhece sabe que ajudar faz parte do meu DNA. Antes de iniciar a simpatia atual pela causa animal eu ajudava animais, brigava com carroceiros, roubava filhotes de cachorros, que seriam mortos. Nossa casa no Salto sempre teve muitos animais por conta deste trabalho, que na época eu encarava simplesmente como amor aos animais. Fui a primeira presidente da Ong Amigos de Rua, aqui em São Chico, em 2008, com a Maria Rita na barriga. Meu trabalho na Associação Chico Viale não é por promoção, mas por doação pura. Este trabalho foi motivado pela maior perda que tive até então: a morte do meu irmão. Na minha lucidez jamais trabalharia com sangue, pois morro de medo de agulha, sangue. Gostaria de ver as pessoas, que enchem a boca para me criticar, aguentar uma dor desta no peito e ainda trabalhar para salvar vidas!

O que descobri, sábado passado, com este comentário, é que pessoas que desacreditam da máxima "ajudar por ser bom ajudar", são pessoas fingidas e hipócritas. Se sujeitam a situações nojentas onde é preciso vender sua crença, seu ponto de vista para conseguirem favores e benefícios materiais. 

Não sou destas. Passo muito trabalho por ser independente (seja de pensamento, negócio), mas não me acovardo. Comentários, como este, podem me tirar o sorriso do rosto por alguns instantes, mas depois só me enchem de gana, de garra para batalhar pelo que eu acredito: um mundo melhor.

Os panos do Oumar continuam à venda aqui na Boutique Viale (até ele poder voltar a trabalhar). A Boutique Viale abre todas as tardes para a venda dos panos e dos meus produtos. Sim, anuncio os meus produtos porque não sou hipócrita! Vivo da venda das pizzas e dos livros e muito me orgulho da minha sinceridade. Desejo que Deus dê saúde e garra aos bons de coração, para arrancarmos as falsas máscaras de gentileza, que insistem em dias de pandemia mundial. 

Quando escrevo que juntos somos mais, é pura verdade. Somos uma corrente de mãos e corações desejando apenas o bem de todos. E nós vamos mudar este cenário juntos! Não desistam, não se entreguem e fiquem em casa. Juntos nos ajudamos!

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