"Preparado para um mergulho? Feche os olhos e vá. Não se perturbe pela cor das águas, nem pelas recordações. Apenas vá". Não foram bem estas palavras, mas foram quase estas que o escritor Eduardo Krause me disse, quando viu um exemplar de Sanga Menor, da autora Cíntia Lacroix (publicado pela editora Dublinense), aqui na Boutique Viale. Confesso que demorei a mergulhar. E agora, que encerrei esta leitura, me arrependi de não ter feito antes (primeiro recado dado: não me imite!).
Sanga Menor é uma história sobre pertencimentos, vidas vividas em sonhos e vidas morridas em realidade. Não é história para consumir como petisco. É leitura para devorar em bocadas irregulares, mas bem mastigadas. Porque a vida e bons textos são para mastigação lenta, trituração, apreciação, degustação. Não é comidinha pastosa para passar batida pela garganta.
Cíntia Lacroix é a autora de Sanga Menor, que foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura na categorias autor estreante em 2010 |
Por que você, leitor/leitora, precisa ler Sanga Menor, a cidade em forma de ladeira, AGORA? Porque este isolamento social proporcionado pelo Covid 19 tem nos mostrado nossas humanidades e desumanidades. Estamos numa montanha russa de emoções, sombras e luzes. Para qual lado segue nossa miopia social? Para qual lado segue nosso coração surdo aos apelos alheios? O livro nos convida a reencontrarmos nossas histórias de parentes, nossos confortos e desconfortos de sobrenome familiar. Quantas vezes você mergulhou nas águas escuras da sanga da sua vida? Sequer sabe que ela existe? Nossos córregos correm silenciosos por entre as veias e memórias nossas. E o silêncio nem sempre é vivenciado. O silêncio é ocultado.
A Boutique de Pizzas e Livros Viale, aqui em São Francisco de Paula/RS, tem um exemplar de Sanga Menor para venda (R$ 29,00). O livro também pode ser comprado pelo site da editora Dublinense. O que não pode acontecer é deixar de ler estas 254 páginas de pura revelação, do que cabe no universo humano. Não existem efeitos especiais, nem aberrações literárias. Só existe vida, vida, vida!
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