A culpa é do César Alcázar

Conheci o Alcázar numa Feira Medieval (2018) em São Francisco de Paula. Ele falou sobre literatura fantástica e apresentou seus livros sobre o Cão Negro. Quando lançou "A culpa é da noite" (2019), pela Arte & Letra, comprei. Foi um livro que me fez desligar de um cotidiano estressante, apesar dos contos não serem nada suaves. Contrabandear, jogar e atirar são verbos frequentes. Tentar viver, sobreviver também são presenças constantes. Alcázar nos faz refletir sobre a vida e sua necessidade. A vida não é útil, nunca foi. A vida é uma sucessão de momentos e instantes perdidos. "Uma aposta certa nem sempre significa uma aposta ganha.", Muddy sabia das coisas. Cada conto é uma janela aberta para uma sensação e um sentimento. Um voltar no tempo, seja dos personagens ou no nosso tempo, para revermos situações que passamos, que contornamos ou sequer percebemos. Alcázar nos joga iscas e nós caimos nestas leituras, ingênuos, achando que aquelas palavras em nada se referem a nós. Minha isca foi "A culpa é da noite", com um cenário trivial e ao mesmo tempo surpreendente. A noite nos faz chorar e enxuga nossas lágrimas. A noite faz esquecer e relembrar amores. E naqueles pedaços de tempo perdidos nos entregamos a emoções vividas e outras somente sentidas. Histórias de amor acontecem a todo segundo e sequer percebemos. Alcázar não nos deixa esquecer. A culpa é da noite/César Alcázar - Curitiba: Arte&Letra,2019.