quarta-feira, 31 de janeiro de 2018
Quando a leitura volta a ser hábito
Maria Rita, minha filha, hoje tem 9 anos. Desde que ela nasceu meu hábito de leitura diminuiu, quase sumiu. Para quem estava acostumada a ler um livro por semana ou a cada 15 dias, ler 2 livros por ano passou a ser um escândalo. Nestes anos me dividi entre as descobertas da maternidade (que são intensas e diárias!) e a frustração de não ser mais uma leitora.
Em 2015 idealizei o projeto Pizza Literária, que une literatura e pizza (um belo casamento né?). O objetivo era ler um livro e convidar o autor deste livro para um bate papo com gente leitora e que gostasse de pizza, porque sirvo pizzas durante o evento.
Foi assim que voltei a ler! Tá! Confesso que comi mais pizzas que livros, mas voltei a ler!!!! Tornei-me uma leitora novamente. E no final de janeiro recuperei o fôlego: em função do Júlio Ricardo da Rosa ser nosso escritor convidado para a Pizza Literária de 03 de fevereiro, reli o livro O Viajante Imóvel e "devorei" O Covil do Diabo nas últimas quatro noites!!!!!!
Estou em estado de choque comigo e com o texto do Covil do Diabo! O pique da leitura está voltando (maratonista logo, logo!!!) e eu fazendo mil perguntas sobre o livro que me intrigou do início ao fim. Não sou uma teórica em literatura, sou apenas uma leitora que quer incentivar outras pessoas a lerem. O que falar de um livro onde é possível fazer um intensivo na língua "cangacês"? Sim, os cangaceiros têm um idioma próprio, com gramática e grafia bem peculiar. Confesso que nas primeiras páginas rebolei até entender, até me acostumar. Depois fluiu e quando os sanguinários falavam eu entendia tudo.
Capitão Valêncio, Sapatêru, Zarôiu e outros homens ressequidos que odiei do início ao fim do livro. Por causa do tratamento concedido às mulheres, aos animais. Porque se apropriavam de um status "serem cangaceiros" para cometerem atrocidades sem tamanho. O primeiro capítulo "Coronéis e Cangaceiros" e o segundo " A armadilha do capitão Valêncio" são impactantes. Ou se continua compulsivamente a leitura ou se para ali definitivamente.
Outra descoberta é de que sou bairrista. A história nada mais é do que um pedido de ajuda dos nordestinos aos gaúchos para acabarem com os cangaceiros cruéis!!!!! Perdoa aí Júlio!!! Exageros à parte este é o resumo do livro!! E os gaúchos são um arraso!!! Tupy, Virgílio, Ananias são os personagens que nos representam.
Historinha simples né? Que nada!!! Tem muita entrelinha nas 286 páginas da publicação. Tem muito "Pulp Ficction" nos diálogos e nos silêncios, principalmente os femininos. Fiquei imaginando um Covil do Diabo 2, com narração da nordestina Amelinha, em terras gaúchas, e da filha do coronel Ramiro, a Anita, se tornando feminista e revolucionária. Acho que o silêncio feminino é proposital. Vai estourar ali na frente.
Bem, Covil do Diabo não é livro para ler como entretenimento. É livro para ler e pesquisar depois. É livro para reler trechos. É livro para ter debaixo do braço, sentar na frente do autor e discutir vários pontos, como heroísmo regional, crenças culturais, coronelismo e submissão, silêncio feminino. Então te empolga e aproveita que o Júlio vai estar na Pizza Literária bem disposto a conversar!
terça-feira, 30 de janeiro de 2018
Rinotilexomania
de Patrícia Viale
Se minha tarde
for como a tal
manhã de hoje ,
juro que
me rasgo inteiro .
Talvez começando pela
boca . Comer
de cabeça cheia
será difícil . O nariz
me coça
e coçar não
adianta enquanto eu
não digerir a
manhã . Céu
claro , trânsito
caótico , reclamações sem motivo , ligações mal
interpretadas e o meu nariz reclama. Eu
coço o meu nariz .
Por dentro
e por fora .
Violentamente sem
resquício algum
de suavidade . Às vezes
até sangra. Me
assusto, trato com
remédio sério
então . Olho
o vermelho chamando minha
atenção . Procuro lenço .
De papel ou
de pano . Mas
não encontro
nada . Passo
os dedos pela
cartilagem e limpo
nas calças . Vou curando cada ferida momento a momento
e curado o nariz volto a coçar .
Ao entrar no restaurante
de todos os dias
foi desta maneira que
começou. Tempos atrás
importunei o nariz de leve . Mal
toquei. Acho que foi bem
assim . Um
ato inconsciente
ou premeditado. Constatei logo após ter
realizado o fato , pressenti o prazer e iniciei a feitura
completa . Assim
passei a coçar o nariz ,
toquei os dedos na narina
e fiz. Sem entender
muito . Sem
pensar . Foi automático .
Faço e pronto . Coço o nariz por dentro e por fora . Às vezes até cutuco, tiro
cascas e casacas .
E daí? A moça
chegou. Aquela de todos os dias . Não é sempre . Falo sobre o nariz , não da mulher . Ela eu enxergo
no restaurante diariamente, na hora do almoço .
Enquanto coço o nariz ,
ela se serve de saladinhas e pouca coisa nos pratos quentes . Por que ? Ela não come comida
de fogão ? Bem ,
mas voltando ao meu
nariz . Não
é ato contínuo ,
furungo só quando
tem as peles secas
ditas. Estas cascas se criam regularmente e me
irritam profundamente . É algo preso , fixo , não saí, obstáculo puro que dá vontade
de limpar o salão
sem sequer
dançar a valsa .
Deve ficar assim
quando esqueço de assoar
o nariz . No banho
dou uma assoada, porém a preguiça bate e dia
sim , dia
não , faxino o nariz .
Sequer limpo
o mesmo nos
dias não .
Ando assim , um
tanto indisposto .
Esquecendo o nariz , cotovelos ,
calcanhares e unhas
do dedo mínimo .
Por que ?
Não sei. Talvez
seja mal humor .
Alguma falta química
no organismo . Alguma perda não
pressentida. Ela come tão devagar . Os
cotovelos alinhados
junto ao corpo .
A cabeça muito
erguida. Os cabelos para
trás , bem
comportados. Mastigação lenta . Pouca comida no
garfo . Olhares
baixos . Será que
ela coça
o nariz ? Em
que momento ?
Quando come? Ou
escondida no banheiro ? A verdade
é que só
questiono as coisas quando
estas se tornam crônicas de alguma forma . Instalam-se como
cupim na madeira
e corroem, comem sem compaixão o que
está ao redor . Comem, mastigam e
engolem. Mas não
excretam. As negações me fazem pensar . E depois de tanto
pensar é que consigo tomar alguma atitude , daquelas de mudar a direção do que vem
acontecendo. E a moça continua ali . Bem sentada. Ela parece a negação
de tudo que
questiono. Esta mulher me provoca. Odeio olhar para ela que nunca
coloca o dedo no nariz .
Ao menos disfarçadamente. Isto é o normal .
Maluquice é este
auto-controle das mãos . Quem explica? Coçar o nariz é quase
uma regra diária .
Já percebi o tocar ,
o fuçar . Já
senti o sangue de tanto
cutucar , só
que recorrer
a uma atitude não
é nada fácil .
Por que ?
Acho que meu
nariz tornou-se um
refúgio . Um
esconderijo . Para tudo . Vou colocando ali
medos , inseguranças ,
traumas , perdas ,
frustrações , sonhos
não vividos .
Todo o lixo
de uma vida . Uma bagagem
bem pesada e antiga , sem nada de doçura ou compensações .
Uma mochila bem
fechada ajustada nas costas . Fico tão reto com esta sacola
que nem
ouso olhar para os lados A bagagem
dela deve ser maior
que a minha .
É o que parece. Ela
não levanta os olhos !
Não mexe as mãos
e sequer coça
o nariz ! Quem
é esta mulher ? O que
ela quer ?
Como pode viver
desta maneira ? Como
ela faz para seguir em frente ? Só
arrumando as costas ? E ela acorda naturalmente ? Cadê
a mochila dela? Por
que ela
não dá um
sinal ? Eu
prossigo em linha
reta para me servir no buffet, para não perder o ritmo do passo . Um após o outro .
Continuo. E muitas vezes este seguir em frente de nada adianta. Apenas
se passa e pronto .
Os olhos alinhados
não enxergam as árvores
ao lado ; o passarinho
que voa em
zigue zague; a estradinha curta com duas casas
de madeira ao longo .
Quanta coisa não se vê , não se sente.
E que besteira
toda é esta de estradinha, passarinho , carinho ,
amiguinho? Eu não
convivo com nada
disto. Só pelo
livro bonitinho que
comprei na semana passada .
Lá tem tudo
isto . É uma fazendinha de vida simples . Conta a história de um homem e de
uma mulher . Casados .
O homem muito
calmo e a mulher ...
como era
mesmo a mulher ?
Lembro só do trecho
da torta de maçã ,
que ela
colocava o doce recém feito para assar
e esperava o marido retornar
do trabalho . A moça
do restaurante ! A moça
do restaurante é a do livro ! Sim , elas são a mesma pessoa . E nenhuma coça o nariz ! Mas ... Como
pode? A não ser
que ... não
pode?!... claro ! Elas
vivem uma vida modesta, discreta , contida. E aqueles
que têm tudo
contido não podem coçar
o nariz . Pois
coçar o nariz
é mexer no não
contido. É mexer no espalhado que
não quer
se juntar .
domingo, 28 de janeiro de 2018
Livros no dia a dia
Fui alfabetizada com cinco anos de idade. Na minha casa sempre teve livro, gibi, jornal e revista. Eu era curiosa. Queria saber o que aqueles símbolos significavam. Aprendi a ler rápido.
Criança precisa ter estímulo para ler, para questionar, refletir e pensar. É preciso que sejamos exemplos para eles. Precisamos assumir o livro como algo indispensável na rotina diária, assim como escovar os dentes.
Já são três anos que atuo no Colégio Expressão, em São Francisco de Paula/RS. Dois anos como mãe voluntária. Eu fazia contação de histórias na sala de aula e uma vez convidei os alunos, em séries de alfabetização, para conhecerem a Biblioteca Pública Elyseu Paglioli.
Precisa dizer que foi legal? As fotos já falam por si, né?
Em 2017 fui convidada para trabalhar como professora de produção textual. E tornei hábito irmos à Biblioteca. Se a criança não convive com o livro, como tomar gosto? Um pouquinho todo dia, que acumula na semana, e um novo hábito se faz. Boa leitura para todos!!!
segunda-feira, 22 de janeiro de 2018
Pizza Literária de Verão
Fevereiro ainda é tempo
de aproveitar o verão. E verão combina com leitura e literatura. Dia 03 de fevereiro,
sábado, acontecerá a Pizza Literária na Boutique de Pizzas Viale, em São
Francisco de Paula. O evento, que acontece a cada dois meses, reúne pizza e literatura.
“A Boutique convida um escritor ou escritora para apresentar seus livros e
conversar sobre o processo criativo. Durante o bate papo são servidas pizzas
com sabores relacionados às histórias contadas. A Pizza Literária é uma pequena
festa literária, onde o público pode conversar diretamente com o autor e
compreender melhor o universo das histórias narradas”, conta Patrícia Viale,
idealizadora do evento.
Nesta edição o convidado
será Júlio Ricardo da Rosa, autor de “O Viajante Imóvel”, publicado pela
editora Dublinense. “O Viajante Imóvel” apresenta dois personagens: Vítor Assis
e Félix Kölderlin. Um busca o mundo, o outro foge dele. Personagens diferentes,
mas que se complementam durante toda a história. O livro narra aventuras e
apresenta reviravoltas, que fazem o leitor dar continuidade na leitura, numa
velocidade voraz.
Um pequeno trecho do
livro, página 33: “Talvez seja essa a verdadeira mágica da escrita: a mentira.
Nenhum relato é verdadeiro. Nem mesmo os livros de memórias, resultado de
lembranças deformadas. Todos mentem. Todos imaginam. Por isso não me considero
um traidor ou um farsante. Duvido que os verdadeiros viajantes não sejam
traídos pelas recordações ou desconfiem de suas próprias notas. Quantas vezes
colocamos em dúvida nossa realidade, quantos deixam uma dor não sanada
perturbar sua visão dos fatos?”
Júlio Ricardo da Rosa
nasceu e vive em Porto Alegre. É leitor compulsivo e viajante eventual. Durante
os anos 80 escreveu sobre cinema para vários jornais gaúchos. Júlio também
publicou os livros “Beijos no escuro”, “Veludo”, “O segredo de Yankclev Schmid”
e “O Covil do Diabo”.
Pizza
Literária Convescote de Verão Escritor convidado Júlio Ricardo da Rosa
Data:
03/02 – sábado
Horário:
a partir das 18h30min
Convites
à venda por 35 reais (dão direito às pizzas e comidinhas de piquenique. O
convidado traz a sua bebida ou compra na Boutique).
Local:
Boutique de Pizzas Viale (rua Alziro Torres Filho, 1579 lago São Bernardo – São
Francisco de Paula)Telefone para informações e compra de convites: 54
99925.5761, com Patrícia Viale.
terça-feira, 9 de janeiro de 2018
O forasteiro na salada de frutas
Hoje foi dia de oficina de verão lá no Colégio Expressão, onde trabalho como professora de produção de texto e jornalista. Eu e a nutri Cris tinhamos combinado uma salada de frutas com esta turminha, que tem entre 4 e 9 anos. Minha parte era escolher um texto que falasse sobre frutas. Ai, ai, ai!!! Saí pesquisando e nada me agradava. Daí tive a ideia de escrever o texto e ler para eles.
Começei apresentando um tomate. E eles ficaram encucados com a presença do vermelho. Foi quando contei a história que intrigou, causou risadas e curiosidade naquelas crianças:
Era uma vez um monte de frutas: manga, laranja, maçã, mamão, abacaxi, pera, uva, banana. Elas haviam se encontrado para fazer uma festa: uma salada de frutas.
Mamão: - Todos prontos?
E as frutas responderam: Sim!
Melão: - Vamos fazer uma festa, ficarmos bem juntinhas e assim montarmos uma deliciosa salada de frutas!
Mamão: - Quem quer ser salada de frutas?
E todas as frutas gritaram: - Eu!!!!!!
- Eu também!!!!! falou o Tomate com uma voz menos gritada.
Aquela voz estranha e um tanto ácida chamou a atenção de todos. As frutas viraram-se para o tomate, que sorria no meio daqueles olhares surpresos.
Mamão: - Quem é você?
Tomate: - Eu sou o Tomate!
Melão: - E o que você quer aqui?
Tomate: - Eu quero fazer parte da salada de frutas.
Mamão: - Você errou a salada. Aqui somos frutas e não verduras.
Tomate: - Não errei a salada. Eu sou uma fruta.
As frutas se olharam espantadas, com os olhos bem arregalados.
Mamão: - Mas nunca vimos um tomate na salada de frutas!!!!!!
Melão: - O seu gosto é mais ácido e poderá comprometer o sabor da nossa salada.
Tomate: - Mas eu sou uma fruta!!!!
Mamão: - Sim, você é uma fruta, mas não é comum ver um tomate na salada de frutas, entendeu?
Tomate já tristonho: - Eu queria fazer parte desta salada!!!
Ameixa: - Nem pensar! Vai ficar estranho! Tomate com ameixa, mamão, melão, banana e outras frutas. Vai ficar muito estranho!!!
Uma lágrima escorreu dos olhos do Tomate. As frutas falavam em voz alta. Algumas desesperadas. Outras em estado de choque com a possibilidade de ter um tomate bem vermelho entre elas. A confusão era tão grande, que nem perceberam quando o Tomate, entre lágrimas, se afastou. Ele encontrou um cantinho e ficou ali sentado chorando.
Tomate: - Eu sou uma fruta! Eu sou uma fruta! Só queria fazer parte desta salada de frutas!
Foi quando o Abacate, a Cebola e o Alho se aproximaram.
Abacate: - Oi Tomate! A gente sabe como você se sente!
Tomate olhou para o Abacate, o Alho e a Cebola, mas não falou uma só palavra. Ele estava muito triste.
Abacate: - As frutas não deixarão você fazer parte da salada de frutas. Mas eu, o Alho e a Cebola queremos convidar você para uma outra iguaria.
Tomate: - Qual?
Abacate: - Junte-se a nós para fazermos um guacamole, uma comidinha mexicana deliciosa, que é servida com torradinhas e tortilhas. As pessoas comem o guacamole antes da salada de frutas.
Tomate: - Gostei do convite!!!
Abacate: - Então venha!!!!
O Abacate, o Tomate, o Alho e a Cebola juntaram-se com o Azeite de Oliva, o Sal e a Pimenta. Abacate esmagadinho. Tomate, Cebola e Alho picadinhos. Tudo misturado virando um creme lindo. Um delicioso antepasto para ser servido antes do almoço ou do jantar.
Quando a mesa foi arrumada com pratos e talheres, o guacamole e a salada de frutas foram colocadas muito próximas. As frutas viram o Tomate e acenaram para ele. O Tomate acenou de volta.
Cada qual no seu pote, mas todos compondo uma refeição.
Quando não te chamarem para fazer parte de uma salada de frutas, lembre-se que um guacamole espera você logo ali. Delícias existem em todos os lugares!!!
sexta-feira, 5 de janeiro de 2018
Crianças gostam de ler
Como estimular a leitura das crianças? Quando a gente lê. Criança segue exemplos, não discursos. Como que a criança vai gostar de ler se não tem livro em casa? Como a criança vai querer ler se não te vê lendo?
Maria Rita lendo Crônicas de Nárnia, de C.S. Lewis |
Plante a sementinha através do exemplo. Deixe livros bem à vontade. Quando a criança ficar com preguiça de ler sozinha, sente do lado e leia para ela. Incentive-a a ler alguns diálogos. O processo não é rápido, mas é para a vida toda. Além de que garante bons momentos para o presente e uma bela construção para o futuro.
Cinco dicas de bons resultados:
1- Tenha gibis e livros em casa. Em lugar acessível para criança. Deixe que ela toque, converse com o livro, até que brinque. O formato livro não é sagrado. O conteúdo que absorvemos é que nos torna especiais.
2- Leia para o seu filho/sua filha. Cinco minutos, dez minutos, quinze minutos. Mas leia! Todo dia um pouco!!! Faça disto um hábito!
3 - Converse sobre as histórias que vocês estão lendo. Imaginem novos finais, outras características para os personagens. A imaginação é livre!!
4- Convide as crianças para desenharem sobre as histórias lidas.
5- Acompanhe o hábito de leitura de seu filho/filha e crie um para si!!!
P.S: Ler em voz alta faz bem para as crianças e para os gatos!!!!!!
quinta-feira, 4 de janeiro de 2018
Teremos Pizza Literária Convescote de Verão!!
Pizza Literária Convescote de Verão, com Júlio Ricardo da Rosa, autor de O Viajante Imóvel, no dia 03 de fevereiro, a partir das 18h, aqui em São Chico. Um encontro para marcar a estação ensolarada.
Júlio irá nos contar sobre o seu processo de construção deste e de outros livros escritos por ele. Contará sobre como é viajar pelo mundo sem sair da frente do computador. Ai, ai, ai... serão tantas perguntas!! Quer ler o livro antes? Tem aqui na Boutique.
quarta-feira, 3 de janeiro de 2018
Morreste-me
Eu estava fotografando as roupas do brechó da Boutique e tive uma ideia: reunir moda sustentável e literatura. Assim uma saia branca, uma blusa listrada e um livro de prosa poética do escritor português José Luís Peixoto chegaram nesta foto. Uma imagem romântica, suave que combina com finais de tarde silenciosos, como o de hoje, quarta feira dos primeiros dias de janeiro de 2018.
Peguei o livro de 62 páginas e que revelou o escritor português em 2.000. Pequeno, delicado. Sentei às 19h20min no sofá. Romeu, o gato gordo sentou no meu colo. Quando ele se ajeitou, do nada, uma libélula pousou no meu joelho. Ficamos os dois observando aquele ser alado. O personagem daquelas linhas de prosa poética já mostrava seus primeiros sentimentos. Silêncios, olhares. Ritmo e música num português que responde não à razão, mas ao coração.
"E pensei não poderiam os homens morrer como morrem os dias?" (pg. 17) Os parágrafos se desenrolam como numa carta de despedida e recomeço. Um fim de ciclo e o início de uma vida que já estava se construindo em lembranças e memórias vividas. Um pai e um filho. Uma mãe e uma irmã. Vidas unidas num luto, se despedindo de uma outra vida que se viu morrer.
A leitura do livro vale em qualquer momento, mas lê-lo num final de tarde é ajustar os ponteiros com a poesia que nele há. Somos transportados não para um outro mundo, mas para um sentimento de amor que todos temos conosco. Porque perder não é somente tristeza. Perder é dar continuidade do alheio na sua própria vida. Sempre. Não terminamos. Continuamos o outro em cada detalhe dele confirmado em nós.
José Luís Peixoto é humanidade em linhas, é humanidade na veia. Como voltar a viver sem ler sua obra? Deixar de ler Peixoto é voltar para a escuridão de uma perda sem reconhecimentos. 20h50min e estava escuro, mas não queria acender a luz antes de ler as duas últimas páginas. Leia e releia. Qualquer página. Se perca naquelas linhas, mas principalmente na página 45: "É luz o tempo, pai".
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