No início dos anos 2000 conheci o Bolívar Medeiros, na Rádio Rota do Sol, em São Francisco de Paula/RS. Eu tinha sido convidada pelo Joel Pereira, dono do Jornal Hora H e da Rádio Rota do Sol, para ser editora e redatora das ediçoes quinzenais do jornal. E o Bolívar tinha um programa na Rádio.
Convite aceito acompanhei o Joel no seu programa ao meio dia, na Rádio. Fiquei quietinha num canto, porque era tudo ao vivo. A boca calada, os ouvidos ligados e a mão anotando tudo. Numa folha do caderno montei uma sugestão de possíveis e futuras entrevistas para o futuro, além de quadros que poderiam ser adicionados ao programa. Na outra folha, de maneira rudimentar, esboçei um jornal com mais interatividade com a comunidade serrana, através de colunas, escutas das lideranças de bairro, espaço para novos artistas, etc e tal. Fiquei por, mais ou menos, um ano nesta rotina entre o jornal e a rádio (depois fui para uma temporada na Suíça). Tudo pertinho em São Chico, trajetos feitos à pé, trocando muitas ideias com o Bolívar, telefonando para contatos de toda a região, virando madrugada em semana de fechamento em jornal, trocando almoço por lanche, revisando textos e mais textos, derrubando pautas e levantando discussões de utilidade pública.
Ser jornalista é colocar a boa informação acima da própria rotina. No jornalismo aprendemos que o coletivo está acima do individual. É preciso ter ética, sim. É preciso ter uma bagagem cultural gigante, sim. Jornalista nunca para de estudar. Já faz um tempo que eu e o Bolívar planejávamos este retorno em um programa de rádio. Em fevereiro deste ano, ele retomou o programa dele na Rádio Web São Chico e me convidou para conversarmos sobre meus projetos culturais na pandemia, sobre a Associação Chico Viale. Duas horas de conversa, mais de duas mil visualizações e veio o convite para o Programa da Viale. Foi aí que eu chamei o Bolívar: "Vamos retomar a parceria? Entrevista, conversa, assuntos do interesse da nossa comunidade. Vamos fazer cidadania e política do bem!" Ele aceitou e no dia 06 de março, sábado, das 12h às 13h, demos a largada neste projeto.
Conversamos sobre as vinte pandemias que assolaram o mundo em dois mil anos, sobre a necessidade urgente de revermos hábitos de higiene e empatia social. Até o sábado (06/03) eram 13 óbitos na nossa cidade, em função do covid (e torcemos para que este número não mude). Lembramos a importância de fortalecer o SUS, Sistema Único de Saúde, que tanto está mobilizado nessa guerra da saúde pública. Precisamos sim de muito mais investimento em saúde pública! Frisamos a necessidade do uso das máscaras de proteção facial. Respondemos mensagens, lembramos de amigos, lamentamos perdas recentes. Nos emocionamos. Porque jornalistas trabalham com fatos e emoções. Mobilizamos as pessoas para se enxergarem mais solidárias e fazerem a diferença nas suas ruas, nos seus bairros e cidades.
"A melhor maneira de arrancar pessoas do lugar de objeto é devolvendo-lhes a história" (Eliane Brum, jornalista)
Porque a melhor maneira de contar histórias é ouvindo pessoas. Não existe outra maneira de recontar os fatos.
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